segunda-feira, março 13, 2017

Svetlana

Em Minsk, cidade onde vive, Svetlana Alexievich, Prémio Nobel da Literatura 2015, foi entrevistada pelo jornal português EXPRESSO. O resultado é esta belíssima entrevista que se lê com profundo prazer. Com sofreguidão mesmo. Diz-nos ela: “Eu não sou historiadora. Tento escrever a história da alma humana”.
Amanhã, 14 de Março, a Autora de “Vozes da Utopia” fará a intervenção de abertura do Festival Literário da Madeira. O título dessa sua intervenção é, no mínimo, provocador: “Haverá algo mais assustador do que o homem?

Mas, neste Março das Mulheres, este breve respingo da entrevista: “Durante 40 anos, tudo isto ficou na sombra. Depois da guerra, os homens assumiram os louros da vitória. Ou seja, roubaram-na às mulheres, que sofreram tanto ou mais do que eles. Ao regressar à vida civil, elas encontraram uma sociedade onde havia poucos homens. Os ex-soldados eram vistos como heróis; mas as mulheres que combateram, não. Olhavam-nas com desconfiança. Chamavam-lhes coisas feias. Por isso, muitas delas ocultavam o facto de terem participado na guerra e até escondiam as medalhas, para poderem ter hipóteses de casar. Muitas fizeram-no por uma questão de sobrevivência. A sua historia ficou por contar durante décadas. E elas queriam contá-la, mas não havia ninguém para ouvir. Quando por fim me lancei à tarefa, nos anos 80, muitas delas disseram-me: “Por que demoraste tanto a vir ter comigo?


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