segunda-feira, agosto 10, 2009

Hillary nas ilhas

Se bem interpreto, ao eleger Cabo Verde como o país por onde fecha o seu périplo africano, a Secretária de Estado americana andou bem avisada. Ou seja, um périplo que tem sido bem sucedido e que vai assim terminar da melhor forma. Do leque de países contemplados, Cabo Verde é porventura aquele que está mais à vontade relativamente ao essencial dos temas transversais da agenda que tem guiado esta prolongada viagem de Hillary Clinton. Direitos Humanos, Boa Governação e Desenvolvimento, Estabilidade e Estado de Direito, luta contra a Corrupção.
Temas que, aliás, desdobram o objectivo desta missão africana da Senhora Clinton: “demonstrar o engajamento dos Estados Unidos numa Parceria com a África que se baseie na responsabilidade e no respeito mútuos” (conforme um Comunicado do Departamento de Estado).
Na parte que nos cabe, e descontada essa nossa patética mania de fazer pequenas guerrilhas em torno de matérias de interesse nacional, esta próxima visita da Chefe da Diplomacia dos Estados Unidos reveste-se de uma enorme importância. No plano das relações bilaterais e do que, a este nível, eventualmente caia na lógica do interesse nacional americano, mas igualmente para o nosso leverage na arena internacional. O essencial do que possa acontecer em seguida dependerá em muito de nós mesmos.
Para todos os efeitos, Cabo Verde fica associado ao lançamento do road map com o qual a Administração Obama sublinha a prioridade que atribui à África. Lançamento esse iniciado pelo próprio presidente Barack Obama, com a sua primeira e ainda muito recente deslocação ao continente, e agora empurrado mais além pela sua Secretária de Estado, Hillary Clinton.
De resto, como que nos é feito um convite para olhar mais para fora. Ser mais ousados. Fazer valer os créditos que decorrem do espantoso percurso cabo-verdiano nestes trinta e quatro anos de Independência.
E este é um ponto que tenho referido desde há muito, designadamente, e muito a título de exemplo, no que toca ao nosso desempenho em matéria de Direitos Humanos. De algum modo, até parece que nos deixamos tolher por uma excessiva modéstia.
Por certo que tal tem também a ver com um re-desenho do nosso tabuleiro diplomático, mas isto são contas de um outro rosário.
Retomando o fio, não é todos os dias que as ilhas recebem uma visitante de tão elevado nível. Pelo cargo que ocupa, pela concretíssima Administração que representa, mas também por aquilo que Hillary Clinton é: uma figura política de primeiríssima água.
(Ainda há pouco vi a prestação dela no GPS de Fareed Zakaria, edição especial a partir de Nairobi).
Saibamos recebê-la!
Quanto ao mais (ao menos, melhor), convenhamos, é compreensível a ciumeira que anda aí pela vizinhança...

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