Sobre esta questão das línguas em Cabo Verde, vou tentar alinhar alguns pontos, ainda que de modo resumido, pois que tanto é imposto pelas regras do Blog Joint.
Antes de mais, creio ser uma enorme felicidade o facto de dispormos de duas línguas: o Crioulo e o Português. Trata-se de um traço fundamental da nossa riqueza enquanto Nação.
É um pouco como na música “Bilingual Girl” dos Yerba Buena: “two tongues are better than one.”
Ora bem. A questão é: a quantas andamos em relação a ambas?
No que ao Crioulo diz respeito, já levamos vários anos a, se assim posso dizer, engonhar. Isto é um facto. E é um facto que torna ainda mais meritória a acção daqueles (poucos ainda) que têm sido constantes na defesa e promoção da nossa língua materna.
Através de um post ainda recente, exprimi satisfação pela forma como o Projecto de Revisão Constitucional do GP do PAICV trata esta matéria. Na verdade, espero que a Revisão Constitucional venha a ser um ganho substancial para o Crioulo.
Que é como quem diz, para os Direitos Linguísticos da maioria dos cabo-verdianos. E este é o ângulo pelo qual gosto de perceber esta problemática. A cada dia que passa, fica mais indefensável tanta hesitação face à língua que está na essência mesma da Nação e do seu dia a dia.
(procurei referir-me a este ponto na Conferência Nacional dos Direitos Humanos, em Junho de 2003)
Enquanto o Legislador hesita e se atrasa, o Crioulo vai estando cada vez mais à frente e mais pujante. Basta ver o contributo dos nossos músicos e a forma como a juventude elegeu o Crioulo para as suas relações com as (ou através das) novas tecnologias. O que vale por referir as pontes para o futuro.
E isto é um sinal fortíssimo.
Por falar em sinais, seria bom verificar-se um decidido aumento da utilização do Crioulo no chamado discurso oficial ou formal.
Por exemplo, muito bom seria que o alto dignitário que for representar o país no debate geral da próxima sessão da Assembleia Geral da ONU proferisse a sua intervenção em Crioulo. Ainda que parcialmente. Nada impede (regimentalmente) que tal possa acontecer. Querendo, tudo o mais são acertos práticos.
Com o que não estou a perder de vista que, se bem ajuízo, o desafio crucial está ao nível da Educação.
É aqui, para lá dos feitos no plano legal, maxime constitucional, o terreno decisivo para o avanço do Crioulo.
Claro está, esse é, igualmente, o terreno incontornável para a melhoria da nossa prestação relativamente a essa outra nossa língua, o Português. Neste particular, permito-me a veleidade de ser enfático: estamos mal! Já o disse antes, aliás. Por exemplo, em 2003, na cerimónia de atribuição do nome do Dr. Manuel Duarte à principal sala de leitura da Biblioteca Nacional), exprimi-me assim: “parece que fazemos galhardia de um como que descaso na utilização da língua que temos como oficial, e isto mesmo por parte de sujeitos que, pela sua profissão ou pelo seu papel na sociedade, deveriam impor-se algum cuidado ou alguma autovigilância”.
Ou seja, a impunidade com que se vai dizendo/ escrevendo barbaridades!... Ou seja ainda, a tranquilidade com que se vai apunhalando a língua portuguesa!... Magro consolo sacudir os ombros, dizendo que acontece o mesmo noutras paragens...
E vou concluir, apontando mais um aspecto. Este: creio que, para o nosso bom desempenho enquanto comunidade, é fundamental fazermos uma aposta muito clara em relação a, pelo menos, uma língua (estrangeira). Bastaria reparar no que acontece no “mercado global” e a escolha seria logo para o Inglês. No essencial, parece que temos de poder definir metas (temporais), pensando nos mais jovens.
Que nisso das línguas nem sempre fica bem encomendar “idioma de vaca”!...
Antes de mais, creio ser uma enorme felicidade o facto de dispormos de duas línguas: o Crioulo e o Português. Trata-se de um traço fundamental da nossa riqueza enquanto Nação.
É um pouco como na música “Bilingual Girl” dos Yerba Buena: “two tongues are better than one.”
Ora bem. A questão é: a quantas andamos em relação a ambas?
No que ao Crioulo diz respeito, já levamos vários anos a, se assim posso dizer, engonhar. Isto é um facto. E é um facto que torna ainda mais meritória a acção daqueles (poucos ainda) que têm sido constantes na defesa e promoção da nossa língua materna.
Através de um post ainda recente, exprimi satisfação pela forma como o Projecto de Revisão Constitucional do GP do PAICV trata esta matéria. Na verdade, espero que a Revisão Constitucional venha a ser um ganho substancial para o Crioulo.
Que é como quem diz, para os Direitos Linguísticos da maioria dos cabo-verdianos. E este é o ângulo pelo qual gosto de perceber esta problemática. A cada dia que passa, fica mais indefensável tanta hesitação face à língua que está na essência mesma da Nação e do seu dia a dia.
(procurei referir-me a este ponto na Conferência Nacional dos Direitos Humanos, em Junho de 2003)
Enquanto o Legislador hesita e se atrasa, o Crioulo vai estando cada vez mais à frente e mais pujante. Basta ver o contributo dos nossos músicos e a forma como a juventude elegeu o Crioulo para as suas relações com as (ou através das) novas tecnologias. O que vale por referir as pontes para o futuro.
E isto é um sinal fortíssimo.
Por falar em sinais, seria bom verificar-se um decidido aumento da utilização do Crioulo no chamado discurso oficial ou formal.
Por exemplo, muito bom seria que o alto dignitário que for representar o país no debate geral da próxima sessão da Assembleia Geral da ONU proferisse a sua intervenção em Crioulo. Ainda que parcialmente. Nada impede (regimentalmente) que tal possa acontecer. Querendo, tudo o mais são acertos práticos.
Com o que não estou a perder de vista que, se bem ajuízo, o desafio crucial está ao nível da Educação.
É aqui, para lá dos feitos no plano legal, maxime constitucional, o terreno decisivo para o avanço do Crioulo.
Claro está, esse é, igualmente, o terreno incontornável para a melhoria da nossa prestação relativamente a essa outra nossa língua, o Português. Neste particular, permito-me a veleidade de ser enfático: estamos mal! Já o disse antes, aliás. Por exemplo, em 2003, na cerimónia de atribuição do nome do Dr. Manuel Duarte à principal sala de leitura da Biblioteca Nacional), exprimi-me assim: “parece que fazemos galhardia de um como que descaso na utilização da língua que temos como oficial, e isto mesmo por parte de sujeitos que, pela sua profissão ou pelo seu papel na sociedade, deveriam impor-se algum cuidado ou alguma autovigilância”.
Ou seja, a impunidade com que se vai dizendo/ escrevendo barbaridades!... Ou seja ainda, a tranquilidade com que se vai apunhalando a língua portuguesa!... Magro consolo sacudir os ombros, dizendo que acontece o mesmo noutras paragens...
E vou concluir, apontando mais um aspecto. Este: creio que, para o nosso bom desempenho enquanto comunidade, é fundamental fazermos uma aposta muito clara em relação a, pelo menos, uma língua (estrangeira). Bastaria reparar no que acontece no “mercado global” e a escolha seria logo para o Inglês. No essencial, parece que temos de poder definir metas (temporais), pensando nos mais jovens.
Que nisso das línguas nem sempre fica bem encomendar “idioma de vaca”!...
Participam neste debate do Blog Joint: Bianda, Ku Frontalidadi, Tetrakacia, Cafe Margoso, Geração 20J73, Blogue di Nhu Naxu, Tempo de Lobos, Pedrabika, O Jornal da Hiena, Nos Blogue.
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