segunda-feira, abril 06, 2009

Blog Joint: desemprego qualificado?

Vamos e venhamos, não é incomum entrar num taxi e deparar com um taxista desejoso de discorrer sobre filosofia ou um outro que durante o tempo da corrida se revela um jurista que não conseguiu exercer.
Estamos nesse ponto? Não creio.
O que não quer dizer que os nossos jovens licenciados não tenham problemas. Com certeza que já os têm. Quem é como quem diz, o país já os tem.
Alarmistas! Mensageiros da desgraça! – exclamarão alguns, designadamente os guardiães da Graça.
Ora. Parece evidente que o nosso mercado não é suficientemente grande (elástico) para absorver todos os licenciados que vamos tendo. Seja do lado do sector público, seja do do privado (porventura mais daquele do que deste), sempre se soube que a margem de absorção se iria estreitando.
Evidente também que não estamos imunes aos problemas que ora, forte e feio, afligem a comunidade internacional e, por conseguinte também, o mercado do trabalho. Eles são uma má notícia para todos.
Por mais almofadas que se proporcione para amolecer os efeitos da crise (que é real e é globalizada), a verdade é que, muito por exemplo, a criação de postos de trabalho deixa de acontecer ao ritmo que seria desejável. Mesmo a manutenção de alguns deles fica em perigo.
O certo é que, retrospectivamente, para algumas áreas (mais tradicionais) o alarme foi soando mais cedo. Ou seja, com o passar dos anos o acesso ao primeiro emprego foi deixando de ser tão óbvio para quem tivesse (tenha) uma licenciatura. Foi deixando de ser tão natural conseguir o emprego que se foi idealizando durante os anos de estudos. Neste sentido, digamos que o canudo foi perdendo os seus poderes mágicos.
Ainda recentemente, aquando do Joint sobre o Ensino Superior, tive por pertinente referir a necessidade de uma aposta na qualidade que, igualmente, permita assegurar níveis de competitividade noutros mercados onde as fasquias estarão um pouco mais acima. Temos de poder ir para lá das nossas fronteiras. Garantindo, à partida, essa tal marca de qualidade.
Por outro lado, nunca tivemos (e continuamos a não ter) uma como que estratégia para beneficiar de lugares em organizações internacionais de que o nosso país é membro. Feitas as contas, os que por lá andam serão uns poucos. Quando há países que, neste particular, nunca dormiram na forma.
No geral, importa saber onde estamos, efectivamente.
Quais as true colors desse tal desemprego de jovens licenciados? Que sectores estarão saturados? Haverá um ou outro que, pelo contrário, esteja carente ou mais carente? Se sim, por que razão? A quantas andamos em termos de formação dita técnica? Será que a produção de licenciados tem em conta os sinais do mercado?
Certamente que não estamos no vermelho. Mas teremos de esperar por ele? Certamente também que estes problemas já foram vividos, ou estão a ser vividos, por outros países. Importa ver essas experiências.
Ou muito me engano ou este é um tema que directamente tem a ver com o futuro do país. Com o presente, melhor.
De vez em quando, até que não seria mau de todo dar ouvidos a algum desafinado (ou mensageiro da desgraça). E assim permitir uma guinada.

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