sexta-feira, junho 06, 2008

4 factos e 1 equívoco

Facto 1
Os jovens cabo-verdianos não estão nem aí para esse já longo pati-pati em torno da chamada oficialização (normalização tb) do Crioulo. Utilizam-no e pronto! A torto e a direito. Como donos – que são! Com desenvoltura. Com beleza. Na comunicação msnénica e nos textos em crioulo que circulam na blogosfera. Ou seja, os jovens já estão pelo menos dois passos mais à frente no que se refere à língua cabo-verdiana. Não estão tolhidos pela ausência de um standard. São meta-ALUPECianos, neste sentido. Afinal, repousa neles o futuro da língua.

Facto 2
A rádio (a pública e as privadas) de há muito vem dando o seu empurrão nesse mesmo sentido. Igualmente o Teatro, claro. Com a música, é o que já se sabe. Desde sempre.

Facto 3
Da banda do Estado, a falta de um passo em frente, claro e decidido, nesta questão da língua faz prolongar um quadro de atentado, objectivamente, aos direitos linguísticos da esmagadora maioria da comunidade nacional.
(Sobre isto fiz referência na minha contribuição à Conferência Nacional dos Direitos Humanos, em 2003).

Facto 4
Quanto mais o tempo passa, mais constrangedor vai ficando para o poder político este chove e não molha em relação ao Crioulo. Já é um prolongado engonhar, convenhamos. Vai fazendo falta uma forte tomada de posição por parte dos cidadãos. Pressão. Pura e dura.

Equívoco
Para o avanço do processo, não parece acertado que a matéria tenha o seu centro vital no Ministério da Cultura. Não é por aí que o gato vai às filhoses, creio. Seria se estivesse em causa a, digamos, valorização cultural do Crioulo. Mas tal não é o caso: ele está vivo e pujante. O desafio é noutros planos. É fundamental que exista o envolvimento dos departamentos responsáveis pela Educação e pela Administração Pública. O sucesso da oficialização passa por eles. Essencialmente. Ou seja, seria proveitoso “despessoalizar” esta matéria. Nem sempre os ministros são linguistas... Que tal colocar a sua pilotagem ao nível da Chefia do Governo? Isto já seria um “move” político substancial. A bem de um dossier que é... político. Fortemente o é. Mas é evidente que posso estar enganado.

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