terça-feira, outubro 09, 2012

Que se faça história em Yaoundé!

















Por tudo o que está em causa, o próximo 14 de Outubro, dia do jogo Cabo Verde X Camarões, será um grande marco na história do futebol cabo-verdiano. Do Desporto cabo-verdiano, na verdade. Assim, é de todo em todo natural que o país esteja mobilizado em torno da sua equipa nacional de futebol. Trata-se de um daqueles momentos, raros infelizmente, em que claramente percebemos todos o que está em causa e, consequentes, cerramos fileiras. Foi, aliás, assim mesmo no passado 8 de Setembro, aquando do jogo da primeira mão, numa Várzea de chuva generosa e forte empatia entre a equipa no campo e um público resoluto no seu apoio. Tal apoio em bloco acontecerá também, parece óbvio, por ocasião do embate do próximo Domingo. Lá longe em Yaoundé, mas não importa. Todos estaremos a viver os minutos, um após o outro, desse jogo decisivo.
Como bem se exprimiu o Governo, ao endereçar um voto de louvor aos Tubarões Azuis pelo seu desempenho nesse memorável jogo de Setembro, estamos agora perante um “desígnio nacional”. Que Cabo Verde fique apurado, como todos esperamos aconteça, para o CAN 2013, a ter lugar na África do Sul, é, com efeito, algo que legitimamente o país deseja. Algo que está ao alcance. E algo que terá um enorme impacto na nossa auto-estima colectiva, a começar pela desportiva mas não apenas ela, e, sobretudo, no modo como encaramos as coisas do Desporto aqui entre nós. Um autêntico momento transfigurador. Como que a passagem para a idade adulta, nesta matéria. Como quer que seja, é fundamental que acreditemos que assim vai ser. A nossa equipa tem de sentir-se apoiada por uma tal corrente de energia positiva. Ou seja, por um fortíssimo yes, we can.
Naturalmente que isso não significa (longe disso!) desconhecer ou minimizar os obstáculos, desportivos e nao só, a enfrentar no terreno. Significa tão-só que há que enfrentá-los com determinação e vencê-los. Pois que nenhum leão é indomável!...
Esta é, segura e compreensivelmente, a primeira vez que, nestas ilhas, se consome, com tanta avidez, notícias vindas das bandas dos Camarões. Os distúrbios ocorridos após a derrota sofrida pelos Leões Indomáveis aqui na Praia; a desdita do Treinador Denis Lavigne; a gestão ministerial da equipa técnica camaronesa; o recrutamento do incensado Jean-Paul Akono, assim com um estatuto de homem providencial; as movimentações, ao mais alto nível, para o regresso do talismã Eto’o; a mensagem-apelo deste no sentido de se recuperar o espírito ganhador e a tradição nacional de glórias desportivas, enfim. Factos que, certamente, têm sido tidos em devida conta por quem tenha responsabilidades pertinentes nesta área.
De resto, é bom saber e reconhecer que o “trabalho de casa” está feito. Ou, se assim se pode dizer, os dados estão lançados. De um ângulo muito preciso, sou testemunha da entrega com que o Governo e a Federação Cabo-Verdiana de Futebol, através do seu denodado presidente, Mário Semedo, uniram esforços na montagem de aspectos decisivos da logística para a “Operação Camarões”. Um notável ombro-a-ombro que só nos engrandece como Nação desportiva. Por que não reconhecê-lo? 
Por mim, apoiante constante da nossa Selecção, quero, com esta nótula, desejar o melhor aos jogadores, ao Treinador Lúcio Antunes, a todos os membros da equipa técnica e a todos quantos, ainda que anonimamente, têm feito chegar o seu quinhão de esforço e entusiasmo a esta empreitada. Uma empreitada de Cabo Verde, insisto.
Que Yaoundé seja a arena que, com fair play, registrará o apuramento dos Tubarões Azuis para o CAN 2013!

Fotos tiradas, há poucos dias, ao Poilão e à Boa Entrada. Após as chuvas, a cor pujante da esperança.

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