quarta-feira, fevereiro 23, 2011

Marly

Na edição de ontem do Le Monde, um grupo de Diplomatas franceses, agrupados sob a designação de Groupe Marly, desfere uma forte crítica à política externa do seu país. Independentemente da pouca ou muita substância do documento e tomando por certo que se trata de algo bem intencionado, a verdade é que essa iniciativa, não sendo embora inédita, não é, convenhamos, muito comum. Mas talvez seja mais um sinal de como, nos últimos tempos, a Diplomacia, considerada nos seus contornos mais tradicionais, vem sendo questionada por factos inauditos (o susto pregado pelos wikileaks...) e por uma voragem de acontecimentos que, no minimo, empurram-na para a necessidade de novas prestações em termos de celeridade, criatividade e, sobretudo, de coerência. Que anda à solta muita angústia, impaciência e nervosismo, anda... Como quer que seja, parece fundamental que: 1) os conteúdos da política pública para e na frente externa constituam, cada vez mais, uma zona de consenso entre as forças que actuam no espectro político democrático de um determinado Estado; 2) se estreitem as possibilidades de actuações voluntaristas ou repentistas, não raro movidas por interesses nem sempre confessáveis; 3) se valorize o papel dos Diplomatas como sujeitos por excelência da actuação no plano externo; 4) haja sempre um referencial de Valores que seja a base mesma dessa coerência e previsibilidade da “voz nacional” na arena internacional.
Para o documento, aqui.

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