domingo, fevereiro 21, 2010

À beira do Coral

Shame on me: só agora, graças a uma referência do Café Margoso, pude fazer visitar o Blog da Dra Ondina Ferreira. Visita prazenteira, devo aditar. Aliás, não é todos os dias que se tem a honra de encontrar na Blogosfera uma antiga Professora. E o quanto pude já ler no Coral Vermelho (assim se designa o Blog a que estou a referir-me), trouxe-me à memória o já distante (assim num dizendo-fazendo, já algo como trinta anos) Curso Complementar no Liceu Domingos Ramos, ao tempo um dos dois Liceus existentes no país, e a figura da Senhora Dra. Ondina Ferreira como a de uma Professora que sabia fazer das aulas autênticos espaços de ensino-aprendizagem. Sempre com um elevado nível de exigência e a preocupação de responder à curiosidade e à apetência para aprender que era a marca daquela nossa pequena turma do Terceiro Grupo. Uma dúzia de alunos ou pouco mais do que isso, se bem me lembro. Momentos de vivacidade intelectual ou cultural, se assim posso exprimir-me. A alegria do encontro com a Literatura (assim mesmo: com maiúscula). Com Autores vários. E a Gramática ocupando o seu imprescindível lugar, sempre. Nas camadas que já vinham dos anos precedentes e nas que iam acrescendo. Ou a Língua (falada! Escrita! Lida!) funcionando como uma janela para o mundo mais largo. O que era sobremaneira importante naqueles anos da era pré-computadores e pré-Internet. Ora, dizer que a disciplina era a de “Português” é dizer pouco ou é correr o risco de não dizer nada, mormente a quem possa ter como referência apenas a forma como actualmente uma tal disciplina ou o seu equivalente curricular não tem, em regra, proporcionado ganhos visíveis aos alunos.
E eis que me lembro de um episódio. O seguinte: no desenvolvimento do ponto relativo à Literatura Cabo-Verdiana, a Professora entendeu, como forma de enriquecer o processo, convidar o Poeta Arménio Vieira para vir ao Liceu conversar com os estudantes. Aprazado o encontro, tal não chegou, entretanto, a acontecer. Persistente, a Dra Ondina encontrou uma saída. Um belo dia, chegou à turma com um gravador, como então se dizia, e assim pudemos ouvir Arménio a responder a questões que eram pertinentes para o nosso plano curricular.
Enfim, notas seguramente a despropósito, estas. Sendo eu um blogueiro improvável, poderia simplesmente ter dito que terei imenso gosto em continuar a visitar o Coral Vermelho.

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