quinta-feira, abril 16, 2009

O Papa Negro

Só agora pude ver, em dvd, este filme. Esperava algo mais. Melhor: contava com um outro tipo de tratamento. Para já porque a obra se apresenta assim: Il Divo – a vida extraordinária de Giulio Andreotti.
Sete vezes Primeiro Ministro, o actual Senador Vitalício Andreotti é o nome mais saliente da história política da Itália do pos-guerra. Ora. Mormente quem tenha alguma noção dos turbulentos (e sangrentos: Moro, Dalla Chiesa, Falcone...) episódios dos anos 70 em diante, tem igualmente alguma referência dessa figura política e uma ideia de como, sinistra até dizer basta, tudo passava por ela ou dela partia . Mas, não sendo esse o caso, o filme corre o risco de ser, digamos, um “policial” mais ou uma recambolesca história de um fulano que, a torto e a direito, ia dizendo que tudo à volta dele acontecia por vontade de Deus.
Ou seja, aposta-se demasiado nos conhecimentos do telespectador. Razão por que, creio, tudo é “contado” de uma forma tão “solta”.
Seja como for, e muito embora as reais ameaças e os danos efectivos ao Estado de Direito Democrático sejam referidos nesse encadeamento fantasioso, creio que resulta evidente o quao destituída de valores pode ser a gestão da coisa pública quando o Estado sucumbe a outras lógicas e a outros (sub) mundos, estes com as suas agendas e os seus interesses bem concretos. E este é um tema bem actual, infelizmente.
Se bem ajuízo, o Realizador Paolo Sorrentino avalia essa “vida extraordinária” de um modo diferente daquele que foi sendo seguido pelo sistema judicial. De resto, bem se compreende que o Senatore a vita não tenha gostado do filme...
Coisas da memória. Lembrei-me agora de uma belíssima série televisiva que animava as noites de Domingo, nos idos de oitenta. O polvo, era o seu título. Linguagens diferentes, propósitos distintos, bem sei.
Lembro-me também de Costa-Gavras e das eficazes achegas por ele dadas.
Um aceno muito especial é devido ao Actor Toni Servillo pela sua soberba prestação no filme.

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