quarta-feira, março 11, 2009

Variações sobre um tema de Poe, ou nem por isso

Ao que parece, agora que Nino Vieira já foi morto e enterrado, vamos assistir a um rodopio de declarações exemplares sobre ele. Literalmente, bater no morto. Mórbido.
No interesse até da própria Guiné-Bissau, teria sido mais construtivo que se tivesse tomado posição contra NV enquanto ele era "rei e senhor" ou, se calhar, mais para cá, quando os guineenses se preparavam para ir às urnas exercer o direito de escolha do seu presidente.
Assim a despropósito, sugiro o seguinte: veja-se a postura do Tribunal Internacional de Justiça relativamente ao presidente do Sudão. Denúncia e combate a tempo e horas. Olhando o mal na cara, dir-se-ia.
Que as culpas, sendo provadas, devem ser pagas em vida. Nunca com a vida. E sempre com direito à defesa. Num contexto de Justiça. Para não fazermos o mesmo jogo (de violência como razão do Estado) daqueles em cujos impolutos julgadores nos arvoramos. Na verdade, é em momentos de tensão extrema que se vê a força do Estado de Direito Democrático e a convicção com que ele é defendido. Para nós e para os outros.
Pois que, e admito que inadvertidamente, certas declarações como que dão por justificadas ou legitimadas as barbaridades recentemente ocorridas em Bissau.
Créditos pela foto: Luc Gnago, Reuters.

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