sábado, janeiro 17, 2009

Gaza, ainda

Era um cenário possível: que houvesse, unilateralmente, uma decisão de “parar” a investida mortífera assim mais ou menos nas vésperas da investidura do novo inquilino da Casa Branca. Por outro lado, é compreensível que, do lado palestiniano, se recuse um tal “gesto magnânimo”, pois que ele não significa o fim da ocupação. Uma luzinha no fundo do túnel? Acredite quem quiser.
Entretanto, a título de registo, transcrevo o pronunciamento das autoridades cabo-verdianas sobre o conflito:

"O Governo de Cabo Verde tem acompanhado com forte consternação a situação humanitária prevalecente na faixa de Gaza com perdas humanas em grande proporção, incluindo civis inocentes. Nesta linha, apoia o apelo ao estabelecimento de um cessar – fogo imediato e a retirada das forças israelitas da Faixa de Gaza, como resulta claramente da Resolução 1860 do Conselho de Segurança.

Cabo Verde considera que os massivos e desproporcionais ataques de Israel à faixa de Gaza constituem violação do direito internacional humanitário, agravam a já difícil situação humanitária das populações civis nesse território, exacerbam as tensões na sub-região e criam um clima favorável ao desenvolvimento do extremismo.

Por tudo o que precede, e atenta a iminência de uma radicalização cada vez maior do conflito com consequências imprevisíveis, Cabo Verde considera não existir uma solução militar para o conflito, do mesmo passo que felicita e encoraja as pertinentes iniciativas diplomáticas em curso.

Neste particular Cabo Verde expressa a sua preocupação face ao não cumprimento das resoluções do Conselho de Segurança da ONU e ao desrespeito do direito internacional em vigor, que perpetuam situações intoleráveis de sofrimento humano e conduzem ao descrédito do sistema multilateral de governação das relações internacionais com base nas disposições pertinentes da Carta das Nações Unidas.

Cabo Verde considera o cessar-fogo imediato e o fim das hostilidades, condições prévias para uma negociação sincera e leal, objectivando a criação de um Estado Palestiniano viável, independente e democrático, a conviver em paz e segurança com o Estado de Israel e demais vizinhos, no interesse da região, e de toda a Comunidade Internacional.

Enfim, Cabo Verde confia que as autoridades israelitas saberão escutar a voz da razão e os apelos dos seus próprios amigos e da Comunidade Internacional, que afinal podem constituir o garante para uma paz duradoura, condição necessária para o aprofundamento de relações de confiança com os seus vizinhos mais próximos na base do reconhecimento e respeito mútuos e da promoção de interesses recíprocos.

Gabinete do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidades, na Praia, 15 de Janeiro de 2009"

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