quarta-feira, janeiro 28, 2009

Adeus,Yolanda Morazzo


Barcos

"Nha terra é quel piquinino
É São Vicente é que di meu"

Nas praias

Da minha infância

Morrem barcos

Desmantelados.


Fantasmas

De pescadores

Contrabandistas

Desaparecidos

Em qualquer vaga

Nem eu sei onde.


E eu sou a mesma

Tenho dez anos

Brinco na areia

Empunho os remos...

Canto e sorrio...

A embarcação

Para o mar!

É para o mar!...


E o pobre barco

O barco triste
Cansado e frio

Não se moveu...

Por: Yolanda Morazzo

Se bem me lembro, tive a honra de conhecer Yolanda Morazzo Lopes da Silva durante os 1ºs Encontros de Poesia de Vila Viçosa, em 1983 (?). Após isso, encontramo-nos algumas vezes. Mas há bastante tempo que não a via. Lembro-me de uma nossa aventura, qual dois detectives improváveis, à procura de um seu anel de estimação que tinha deixado esquecido algures aí na Gulbenkian, tal a balbúrdia que por lá andava aquando do 1º Congresso de Escritores de Língua Portuguesa, em 89. Encontrada essa joia, lá saímos contentes com o sucesso dessa operação de busca e, para espanto nosso, pacientemente aguardava por nós o táxi no qual já estavamos a entrar quando ela, de repente, se apercebeu da falta e dera o alarme. Entristece-me a notícia da morte de Yolanda Morazzo. Mas recordo-a com amizade e muito carinho. E digo-lhe este adeus bem sentido.

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