Nas visitas que faço à vizinhança, captou a minha atenção três posts feitos nesta maré das celebrações do Dia da Independência. Num deles, de PedraBika, vê-se a foto da troca das bandeiras, no primeiro 5 de Julho do resto das nossas vidas. A tal foto que tornou especial o Comandante Julinho Monteiro. Num outro blog, o Ku Frontalidadi, o post do dia 4 de Julho vem ilustrado com uma bem apanhada foto das duas bandeiras do Cabo Verde independente. O terceiro dos posts a que estou a fazer referência é de Son di Santiagu e diz-nos de como Djinho (não) viu a bandeira nessa que ele considera ser a nossa “data das datas”, bem como da “sugestão” dele para se chamar Scolari para nos animar neste capítulo.
Ora bem. Tanto bastou para que, porventura à despropósito, me viesse à memória um assunto discutido, conquanto de modo algo restrito, aqui há já algum tempo. Refiro-me a pertinência (ou não) de um regime particular para a Bandeira da Independência. Essa mesma que foi hasteada, aí no Estádio da Várzea, há 33 anos.
Terá este assunto sido discutido com mais gente? Terá alguém analisado todos os modis qui e timodis qui estritamente técnicos? Terá a generosidade de intentos sucumbido face ao mata-mata do PS3 político nacional? Será temerária a empreitada?
Não cabe aqui desenvolver ou justificar toda a carga histórica e simbólica que essa bandeira passou a transportar. A corporizar. O certo é que ela adquiriu uma dimensão insubstituível. Que não se consegue apagar. Apesar da forma como ela foi apeada da nossa realidade institucional. Abriu-se uma ferida que alguns esperam que o tempo cuide de sarar, enquanto outros se remetem a um silêncio compadecido ou acabrunhado. Mas ainda há outros, mais destemidos, a quem traz alegria a simples oportunidade de erguer a bandeira vermelha/verde/amarela no terraço das suas modestas casas. Só eles saberão o que custa ganhar uma bandeira? Só eles terão sido genuínos no carinho com que abraçaram essa bandeira?
Somos tão poucos para tantas feridas!
Porventura algum dia, com suficiente distanciamento, haveremos de apurar o quão violento tem sido a nossa história (política). E, pelos vistos, nessa linha se persistirá enquanto a vida política não se libertar de certas figuras-lastros com exemplares curricula nos domínios da violência (como instrumento da política). Enquanto não subirmos para um outro patamar, com elevação e tolerância, com respeito pelo adversário e com maiores níveis de “ingerência” por parte da sociedade civil.
Adiante.
Cabe recordar que, aquando do processo constitucional de 92, houve um Grupo de Cidadãos que endereçou ao Parlamento um Manifesto apelando à razoabilidade no tratamento dos Símbolos Nacionais. Pessoalmente, tive o ensejo de ser o redactor desse texto cujo manuscrito anda por aí entre algures e nenhures, mas no meio da minha papelada seguramente, pelo que, assim espero, terei a oportunidade de scaneá-lo cá para o blog. Para benefício de inventário. Ainda haverá quem se lembre desses episódios, embora vivamos num tempo de amnésias selectivas. O nosso vai sendo o arquipélago das amnésias, como já escrevi num outro contexto. O que de algum modo se compreende, porquanto nesses anos noventa houve muita boa gente que fraquejou nas canelas. Mas é bom ver que hoje em dia já estão com mais cálcio nas ditas. Até ao próximo susto, já se sabe.
Seria bom, parece-me, resolver esse problema da Bandeira da Independência. Dito de outro modo, urge desenterrá-la. Sem ufanismos desbragados, antes com orgulho e sentido de História. Urge que sejamos justos perante esse momento singular da nossa História, qual foi o 5 de Julho de 1975. E nada nem ninguém capta na completude esse momento melhor do que a Bandeira da Independência.
Não se trata de nenhum motim contra os Símbolos Nacionais democraticamente instituídos. Nada disso! E é evidente que não é disso que se trata. Trata-se de propor que sejam definidas e reguladas as circunstâncias (as solenidades) em que, nos planos nacional e local, seria legítima a utilização dessa que é, queira-se ou não, a Bandeira da Independência.
Por exemplo, nas sessões solenes no dia 5 de Julho.
De vez em quando (e é só de vez em quando, felizmente) parece que a razoabilidade não mora nas nossas redondezas... Que é como quem que diz: podemos ser razoáveis. Basta querer.
E é tempo de concluir. Ou muito me engano ou já estamos, enquanto Nação, maduros o suficiente para partir à conquistar desta, digamos, serenidade.
Não seria nenhuma originalidade nossa. Ainda que fosse! Como quer que seja, nunca me afligiu estar do lado dos que não têm razão. Melhor: do lado da razão em minoria. O que me permite dizer sempre o que penso.
E esta nossa mania de deixar (quase) tudo nas mãos dos Partidos!...
Ora bem. Tanto bastou para que, porventura à despropósito, me viesse à memória um assunto discutido, conquanto de modo algo restrito, aqui há já algum tempo. Refiro-me a pertinência (ou não) de um regime particular para a Bandeira da Independência. Essa mesma que foi hasteada, aí no Estádio da Várzea, há 33 anos.
Terá este assunto sido discutido com mais gente? Terá alguém analisado todos os modis qui e timodis qui estritamente técnicos? Terá a generosidade de intentos sucumbido face ao mata-mata do PS3 político nacional? Será temerária a empreitada?
Não cabe aqui desenvolver ou justificar toda a carga histórica e simbólica que essa bandeira passou a transportar. A corporizar. O certo é que ela adquiriu uma dimensão insubstituível. Que não se consegue apagar. Apesar da forma como ela foi apeada da nossa realidade institucional. Abriu-se uma ferida que alguns esperam que o tempo cuide de sarar, enquanto outros se remetem a um silêncio compadecido ou acabrunhado. Mas ainda há outros, mais destemidos, a quem traz alegria a simples oportunidade de erguer a bandeira vermelha/verde/amarela no terraço das suas modestas casas. Só eles saberão o que custa ganhar uma bandeira? Só eles terão sido genuínos no carinho com que abraçaram essa bandeira?
Somos tão poucos para tantas feridas!
Porventura algum dia, com suficiente distanciamento, haveremos de apurar o quão violento tem sido a nossa história (política). E, pelos vistos, nessa linha se persistirá enquanto a vida política não se libertar de certas figuras-lastros com exemplares curricula nos domínios da violência (como instrumento da política). Enquanto não subirmos para um outro patamar, com elevação e tolerância, com respeito pelo adversário e com maiores níveis de “ingerência” por parte da sociedade civil.
Adiante.
Cabe recordar que, aquando do processo constitucional de 92, houve um Grupo de Cidadãos que endereçou ao Parlamento um Manifesto apelando à razoabilidade no tratamento dos Símbolos Nacionais. Pessoalmente, tive o ensejo de ser o redactor desse texto cujo manuscrito anda por aí entre algures e nenhures, mas no meio da minha papelada seguramente, pelo que, assim espero, terei a oportunidade de scaneá-lo cá para o blog. Para benefício de inventário. Ainda haverá quem se lembre desses episódios, embora vivamos num tempo de amnésias selectivas. O nosso vai sendo o arquipélago das amnésias, como já escrevi num outro contexto. O que de algum modo se compreende, porquanto nesses anos noventa houve muita boa gente que fraquejou nas canelas. Mas é bom ver que hoje em dia já estão com mais cálcio nas ditas. Até ao próximo susto, já se sabe.
Seria bom, parece-me, resolver esse problema da Bandeira da Independência. Dito de outro modo, urge desenterrá-la. Sem ufanismos desbragados, antes com orgulho e sentido de História. Urge que sejamos justos perante esse momento singular da nossa História, qual foi o 5 de Julho de 1975. E nada nem ninguém capta na completude esse momento melhor do que a Bandeira da Independência.
Não se trata de nenhum motim contra os Símbolos Nacionais democraticamente instituídos. Nada disso! E é evidente que não é disso que se trata. Trata-se de propor que sejam definidas e reguladas as circunstâncias (as solenidades) em que, nos planos nacional e local, seria legítima a utilização dessa que é, queira-se ou não, a Bandeira da Independência.
Por exemplo, nas sessões solenes no dia 5 de Julho.
De vez em quando (e é só de vez em quando, felizmente) parece que a razoabilidade não mora nas nossas redondezas... Que é como quem que diz: podemos ser razoáveis. Basta querer.
E é tempo de concluir. Ou muito me engano ou já estamos, enquanto Nação, maduros o suficiente para partir à conquistar desta, digamos, serenidade.
Não seria nenhuma originalidade nossa. Ainda que fosse! Como quer que seja, nunca me afligiu estar do lado dos que não têm razão. Melhor: do lado da razão em minoria. O que me permite dizer sempre o que penso.
E esta nossa mania de deixar (quase) tudo nas mãos dos Partidos!...
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